O deputado estadual
Emídio de Souza (PT-SP) levou esclarecimento e tranquilidade aos participantes do evento promovido pelo grupo
Esfera Brasil, realizado na terça-feira passada (22) em São Paulo, a respeito de uma eventual candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais deste ano. Souza é um nome bastante próximo do ex-presidente.
De acordo com o deputado, o mercado financeiro conhece Lula e sabe o que “o centro do projeto dele é a recuperação do país, é a distribuição de renda e a melhoria da condição de vida das pessoas, o fortalecimento do mercado interno”.
Emídio falou sobre a importância de ter uma bancada grande na Câmara e no Senado: “Não vai ter solavanco. Lula sabe que no Congresso Nacional é preciso ter maioria, e maioria você não faz com decreto ou ameaça, e sim com conversa. Neste momento, estamos tentando eleger uma bancada de deputados que seja a maior possível, não só do PT mas também de outros partidos, para ter uma dependência menor do Centrão. Você vai conversar com o Centrão, mas em um outro patamar”, disse.
Também não há qualquer pretensão a revogar tudo o que se fez em termos de revisão nas leis trabalhistas. O que um eventual governo Lula fará, disse Emídio, é “ver o que deu e o que não deu certo, o que gerou emprego e o que não, se isso precarizou o mundo do trabalho ou não. Alguns países estão passando pela mesma coisa e estão fazendo a mesma coisa. Rever uma situação que, a nosso ver, não está dando certo é bastante razoável”.
A reforma trabalhista foi aprovada no governo Temer em 2017 e, segundo o deputado, já existe distância para avaliar efeitos de medidas como o trabalho intermitente. “[A reforma] gerou perda de alguns direitos. É possível flexibilizar, com trabalho intermitente, ou em apenas alguns dias por semana? Numa situação de economia e de nível salarial bons, como no caso do trabalhador europeu, por exemplo, você pressupõe que ele já tenha uma poupança. Mas o caso do Brasil é o do trabalhador muito pobre, que mal consegue comer e se sustentar. O efeito aqui é outro. Não é ser contra ou a favor do trabalho intermitente, mas de avaliar que efeito ele teve, aplicado às condições brasileiras.”
Alckmin, Kassab e mercado
As aproximações do ex-presidente Lula com o ex-governador paulista e seu antigo rival (além de potencial vice de chapa), Geraldo Alckmin, e com o ex-prefeito paulistano e líder do PSD, Gilberto Kassab, se dão por uma questão de governabilidade, diz Emídio. “Senão você tem um plano, mas não consegue tocar em frente.”
“O fato de ele [Lula] ainda não ter conversado com o mercado tem de ser relevado. Há uma desconfiança de que ele poderia voltar com um suposto sentimento de vingança – mas isso não passa nem perto da cabeça dele. Porque os recados que ele tem mandado, principalmente na articulação política, mostram que quem está procurando vingança não iria buscar Geraldo Alckmin para ser vice”, disse Emídio. “Ele busca harmonia – e isso dentro de um ponto de vista que considera o mercado, mas é o ponto de vista da sociedade. E ele tem uma preferência clara, que todos sabem, pela melhoria das condições de vida das pessoas.”