(Reuters) -O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta sexta-feira que não tem como a atuação do banco de fomento comprometer a potência da política monetária no país, em um recado ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“A participação do BNDES no crédito direcionado é de 1,4%. Em economia, o rabo não abana o cachorro, então, não tem como o BNDES comprometer a potência da política monetária”, disse em apresentação no Fórum Esfera.
O presidente do Banco Central tem afirmado que o volume de crédito direcionado — financiamentos que obedecem a parâmetros estabelecidos pelo governo — no Brasil é maior que a média mundial, e que uma ampliação dessas operações reduz o efeito da política monetária.
No evento, que terá a participação de Campos Neto no sábado, Mercadante discordou da “reflexão apresentada de que o BNDES entope a potência da política monetária”, e disse que as parcelas mais significativas do crédito subsidiado no país são referentes a agronegócio e habitação.
Segundo ele, o banco de fomento está ampliando sua carteira sem um real de subsídio do governo.
O presidente do BNDES acrescentou que o BC votou a favor de propostas do governo sobre crédito no Conselho Monetário Nacional (CMN), como alterações no Fundo Clima, e disse que “essa página está virada”.
DESMAME DO TESOURO
Mercadante afirmou ainda que está em negociação com o Tesouro Nacional para que uma devolução de 24 bilhões de reais pela instituição aos cofres do governo federal seja parcelada.
“Vamos renegociar o pagamento da antecipação que foi dada ao BNDES dos subsídios do passado”, disse, destacando que nos últimos anos o BNDES já devolveu ao Tesouro 270 bilhões de reais a mais do que captou.
Mercadante afirmou que o papel do BNDES não é financiar o Tesouro, defendendo que o órgão do Ministério da Fazenda “desmame” do banco de fomento para que seja possível ampliar financiamentos.
O presidente do BNDES disse ainda que a taxa de inadimplência das operações do banco é de 0,01%, o que mostra que “podemos correr mais risco”.
Mercadante também defendeu que o governo promova o que chamou de “Desenrola Empresa”, iniciativa para solucionar débitos de companhias privadas da dívida ativa da União, direcionando parte dos recursos arrecadados para ações de investimento.