- Sem categoria
- 26.12.2024
- Redação
Mulher independente
Renata Abreu diz que Podemos deve lançar candidatura própria em 2026 e não descarta concorrer à Presidência
Por Luís Filipe Pereira
Restando pouco menos de dois anos para a próxima disputa eleitoral, as peças do tabuleiro da política se movimentam e podem — ou não — demonstrar capacidade de influenciar o arranjo de forças para novas e antigas alianças. No emaranhado do Congresso Nacional, em que a rigidez constitucional se mistura ao ambiente fluido das articulações em um ambiente predominantemente masculino, a presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu, demonstra personalidade ao não descartar a possibilidade de concorrer à Presidência da República no futuro.
Em entrevista à Revista Esfera, a parlamentar afirma que o partido deve lançar candidato próprio ao Executivo nas próximas eleições e reforça a postura de independência da sigla em um cenário político marcado pela polarização dos últimos anos. “Não somos uma oposição sistemática, mas também não hesitamos em criticar e propor alternativas quando entendemos que algo pode ser melhor para o Brasil”, pontua.
Nas últimas eleições municipais, o Podemos conquistou 28 prefeituras em São Paulo e se colocou à frente de siglas como PSDB, PSB, PDT e PT no estado. Qual foi a principal estratégia para o partido ser bem-sucedido até em municípios como Osasco e São Bernardo do Campo, antigos redutos do Partido dos Trabalhadores?
Resultado fantástico, pois confirmou as nossas projeções de que havia um movimento muito favorável aos nossos candidatos. Isso está diretamente ligado à política de proximidade, credibilidade e organização que adotamos. Em várias cidades, os candidatos a prefeito que foram indicados por nossos prefeitos atuais — que estão finalizando seus mandatos — foram eleitos já no primeiro turno. Isso deu-se, por exemplo, em Osasco, onde Rogério Lins governou por oito anos com total aprovação da população, que acabou votando em peso no sucessor dele, o Gerson Pessoa, que, tenho certeza, fará excelente gestão. Também apostamos na candidatura de novos líderes, muitos dos quais foram eleitos, contribuindo para a renovação política nas cidades.
Quais são as principais bandeiras do Podemos hoje? A sigla faz oposição ao governo?
O Podemos tem como principais bandeiras a integridade na política, a defesa da democracia participativa, o combate à corrupção e o desenvolvimento sustentável. Somos um partido que se posiciona de forma independente, analisando cada proposta com base no impacto que trará à sociedade. Não somos uma oposição sistemática, mas também não hesitamos em criticar e propor alternativas quando entendemos que algo pode ser melhor para o Brasil.
No Legislativo, qual o seu balanço sobre 2024? Poderia pontuar os avanços e pontos que merecem uma atenção redobrada dos parlamentares no próximo ano?
Este ano foi marcado por importantes avanços legislativos, como a reforma tributária na Câmara, que tem o potencial de simplificar e tornar o sistema mais justo. Também tivemos progressos em pautas relacionadas à educação e saúde, que são prioridades para o País. No entanto, questões como a regulamentação de novas tecnologias, a segurança pública e o fortalecimento de programas de inclusão social merecem atenção redobrada no próximo ano. Precisamos garantir que as leis aprovadas sejam implementadas de forma eficaz e beneficiem diretamente a população.
Entre matérias que podem destravar investimentos e aproximar o capital estrangeiro, quais são os projetos que devem ser analisados pelos parlamentares no próximo ano?
O Brasil precisa de um ambiente mais amigável para investimentos. Projetos relacionados à modernização da infraestrutura, como o Novo Marco Legal das Concessões e Parcerias Público-Privadas, podem atrair mais capital estrangeiro. Além disso, a revisão da legislação tributária para reduzir a carga burocrática e os custos de negócios é essencial. O fortalecimento de áreas estratégicas, como energia renovável e tecnologia, também é crucial para tornar o País mais competitivo no cenário global.
Como foi o processo para que o Podemos apoiasse Hugo Motta à sucessão da Câmara? Houve negociação? Todos do partido apoiaram a decisão?
O apoio do Podemos à sucessão da presidência na Câmara foi resultado de um diálogo interno que buscou o melhor para a governabilidade e para o fortalecimento do Legislativo. Como partido independente, ouvimos todos os membros e consideramos os impactos que essa escolha teria para as pautas que defendemos. Houve discussões, como é natural, mas a decisão foi tomada de forma democrática, com a maioria dos integrantes do partido apoiando o alinhamento estratégico.
O Brasil teve uma única experiência de mulher chefiando o Executivo, a ex-presidente Dilma Rousseff, que terminou afastada do cargo. Pelo ponto de vista da representatividade e diversidade de gênero, podemos afirmar que a política tem avançado? Você é a única mulher no Colégio de Líderes da Câmara; o ambiente masculino tem impacto nas decisões?
O Brasil avançou em representatividade, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. O aumento do número de mulheres no Congresso mostra que estamos quebrando barreiras, mas a desigualdade de gênero permanece evidente em muitos espaços de poder. Já fui a única mulher no Colégio de Líderes e, naquela época, sentia a responsabilidade de abrir caminho para outras mulheres. Hoje, há mais mulheres nesse espaço, mas ainda é preciso fortalecer políticas que incentivem sua participação e promovam igualdade no ambiente político.
Falando em Presidência: a senhora pleitearia, um dia, o cargo de presidente do Brasil? Antes disso, tentaria algum outro cargo executivo, talvez como prefeita ou governadora? Há alguma ambição nesse sentido?
Minha prioridade sempre foi trabalhar pelo bem do Brasil e da população. Mais do que uma ambição pessoal, acredito no coletivo. Se, em algum momento, o partido ou o cenário político apontar que posso contribuir mais assumindo um cargo executivo, estarei à disposição para discutir essa possibilidade. O importante é que qualquer decisão seja baseada em um projeto sólido e alinhado aos valores que defendemos.
Quais são os planos do Podemos para 2026? Pretendem ter candidato próprio?
Sim, o Podemos trabalha para construir uma candidatura própria em 2026. Estamos fortalecendo nossas bases, formando lideranças e dialogando com diversos setores da sociedade para apresentar um projeto que reflita os anseios dos brasileiros. Queremos um candidato ou candidata que seja capaz de unir o País e trazer soluções concretas para os desafios que enfrentamos, sempre com foco na transparência, no diálogo e no desenvolvimento sustentável.