Questão fiscal terá de ser enfrentada, diz Roberto Campos Neto

Em evento realizado pela Esfera Brasil nesta sexta-feira (11), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, traçou um panorama da inflação brasileira – que deve, segundo ele, atingir o ápice entre os meses de abril e maio deste ano. E avisou: o próximo governo terá de lidar com a questão fiscal.

Segundo o chefe do BC, o atual ciclo inflacionário foi causado, sobretudo, pela alta do petróleo e acompanhou a subida dos preços em âmbito global. “Nos ciclos anteriores vivemos um quadro inflacionário destacado do restante do mundo, o que não ocorre agora. Além da curva dos Estados Unidos, tivemos surpresas, como a alta no Chile”, comparou.

Campos Neto é otimista a respeito da recuperação depois do primeiro quadrimestre, momento em que, para ele, a inflação do país verá uma queda acelerada.

O presidente do BC também antecipou a agenda do ano da autoridade monetária. Na área de tecnologia, o Pix deve ganhar novas funcionalidades, já em desenvolvimento. Funções como o débito automático, liquidação não prioritária, remuneração de conta PI e o PIX cobrança em arquivo padronizado devem estar disponíveis aos usuários em breve.

O presidente defendeu a segurança do sistema de pagamento. “Não podemos nem vamos banalizar os vazamentos de dados, mas em nenhum caso houve vazamento de dados sensíveis dos usuários”, disse ele. “Alertamos dos vazamentos porque queremos trabalhar com transparência, mas em qualquer país da Europa, um vazamento como esse, não seria sequer anunciado.”

Campos Neto falou do compromisso do BC com a regulamentação do crédito de carbono, que deverá ocorrer por compensação. Ainda na área de sustentabilidade, alertou para o custo da transição para a economia verde. “Somos a favor, mas é preciso prestar atenção nos custos decorrentes da mudança”.

Campos Neto afirmou ainda que o próximo governo, “seja de direita, centro ou esquerda”, terá de lidar com a questão fiscal.  “Ele precisará de uma sensibilidade quanto ao que está acontecendo com as classes mais baixas, que foi acentuado pela pandemia. Vai ser preciso ter uma visão muito especial nisso.”, enfatizou.