• 11.11.2024
  • Redação

Qualificação produtiva e um novo modelo econômico

Com a desindustrialização que assola grande parte das nações, a vocação brasileira em áreas como agropecuária e mineração deve ser explorada por meio de um modelo econômico que privilegie métodos de produção inovadores, que seriam resultado de um novo paradigma político-social moldado na coletividade.

Segundo o professor Roberto Mangabeira Unger, que leciona na prestigiada Universidade de Harvard e participou na noite desta segunda-feira de um encontro com nossos associados, em São Paulo, essa seria uma das formas de combater o agravamento das desigualdades sociais, que na visão dele está diretamente relacionado à dominância do cenário econômico pelo sistema financeiro, e políticas de distribuição de renda que “distribuem migalhas” aos mais pobres.

“No Brasil, quem malogra como produtor pode continuar a prosperar como rentista. Tem que haver um outro elemento, a consciência nacional, por meio de uma ideia de país e ideia de grandeza. Sem isso, não há salvação”, sentenciou.

Pensando além da instrumentalização de conceitos que poderiam eventualmente pertencer a correntes partidárias de esquerda ou de direita, o crescimento econômico dependeria da ascensão do que o pensador define como uma “elite produtivista”, que teria a missão de oferecer alternativas aspiracionais ao restante da população. Nesta cadeia, é mandatório que a implementação de políticas sociais esteja unida à ampliação do acesso ao conhecimento, por meio de uma modificação profunda no sistema de educação, que deixaria de ser “enciclopédico” para se tornar “analítico”.

“O Brasil é um dos países onde a indústria se desintegra mais radical e rapidamente. A economia do conhecimento é a alternativa que surge, vocacionada ao experimentalismo produtivo. Não só em manufatura avançada, como também em serviços intelectualmente densos ou na agricultura”, sustentou. 

“Metade da população economicamente ativa trabalha na informalidade. Se juntarmos os informais e os precarizados, é a grande maioria da força de trabalho. Isso leva ao barateamento do fator trabalho. Precisamos trabalhar pelos interesses da maioria, para que a flexibilização não signifique um barateamento do fator trabalho”, prosseguiu.

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