Projeto da anistia é a prioridade do PL

No movimentado tabuleiro da política brasileira, a ordem dentro do PL, partido que possui a maior bancada da Câmara dos Deputados, é uma só: obstrução. Os parlamentares exigem que seja pautado o projeto que dá anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e pressionam o presidente da Casa, Hugo Motta.

“A obstrução pode acabar na hora que ele [Hugo Motta] quiser, e sabemos que tem matérias importantes. Estão preocupados com a tarifa dos Estados Unidos, e o projeto já passou pelo Senado. Eu já sugeri ao secretário-geral da Mesa para colocarem esse item como primeiro da pauta, porque a gente, fazendo obstrução, pode votar um item por dia [em plenário]”, afirmou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, em encontro realizado na Casa ParlaMento, em Brasília, nesta quarta-feira, 2.

O líder reiterou que, nas comissões, a ordem é “não votar nada”. Nesta quarta, o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), anunciou o cancelamento da reunião do colegiado para aderir à mobilização. No dia anterior, a Comissão de Constituição e Justiça também suspendeu os trabalhos. Além delas, as Comissões de Saúde , Turismo e Relações Exteriores também devem cancelar suas reuniões. Todos esses colegiados são presididos por parlamentares do PL.

“O presidente Hugo Motta está sentando na cadeira agora e não é bom para ele enfrentar obstrução de um partido com 92 deputados. Na conversa que ele teve com a gente ontem, deixou bem claro que ainda não definiu sobre isso [projeto sobre anistia]. E eu já venho falando no Colégio de Líderes que esse assunto é prioridade para o PL”, reforçou Cavalcante, acrescentando que a pressão sobre o presidente da Câmara deve crescer nos próximos dias.

Foto: Samuel Figueira

Erros do governo

Para o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes, que no passado exerceu a liderança do PL, a principal pauta é o agravamento da violência urbana e a sensação de insegurança que, entre outros aspectos, prejudica a atração de investimentos e a criação de novos negócios.

“A questão da segurança pública é gravíssima. O Ministério mandou uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional] que não agradou os estados. Temos projetos importantes e muita gente boa envolvida nisso, como o secretário Derrite, de São Paulo”, afirmou aos presentes na Casa ParlaMento. “A gente tem nossa ideologia, mas eu fico impressionado em como a esquerda não quer enfrentar esse problema. Parece que quer defender o bandido”, criticou.

Dentro de um contexto mais reflexivo sobre o papel da ideologia dentro da política, no sentido mais amplo, Sóstenes Cavalcante esbanjou franqueza aos presentes ao dizer que espera um cenário cada vez “mais cristalizado” entre direita e esquerda, em detrimento do centro.

“O centro vai sempre colocar a faca no governo de plantão. Colocou no presidente Bolsonaro, coloca no Lula e vai colocar em todos, com todo respeito aos colegas de centro que eu tenho. Colocar faca no pescoço do governo de plantão não é uma postura democrática”.

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