• 12.09.2024
  • Redação

Para qualificar o enfrentamento ao crime organizado

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, defendeu, na noite desta quinta-feira, 12, que as forças de segurança atuem de maneira estratégica no combate ao crime organizado. Para tanto, é imprescindível a cooperação internacional, a integração entre as polícias, o direcionamento de mais recursos e parcerias com o mundo corporativo.

Entre as dificuldades para qualificar o enfrentamento ao crime está a porosidade dos 8 mil km de fronteiras de Norte a Sul, que passam em grande parte por regiões de mata fechada. Para efeito de comparação e demonstrar a necessidade de aplicação de mais recursos, somente a faixa que delimita o fim do território brasileiro com a Bolívia tem 3,4 mil quilômetros, sendo maior do que a fronteira entre Estados Unidos e México, por exemplo.

“O Brasil não produz cocaína, mas transita por aqui muita cocaína. Essa droga vai para a África para ser transportada para a Europa. O ativo dessa organização criminosa, a criptomoeda, está na Ásia ou na Oceania”, explicou Rodrigues. “Ou vencemos juntos, ou vamos perder sozinhos”, ilustrou durante conversa com nossos associados em São Paulo.

Com a oferta de serviços financeiros presente cada vez mais nos meios digitais, parcerias com o setor privado na área de tecnologia, pela utilização de ferramentas de inteligência artificial, podem representar ganhos para a sociedade ao ampliar o campo de investigação.

Somente em 2023, como fruto de atividades ilícitas, foram apreendidos R$ 2,5 bilhões em bens como aeronaves, barcos e imóveis, além de dinheiro em espécie. “Somente tirando o poder econômico do crime é que vamos conseguir debilitá-lo”, frisou Rodrigues.

Sem espetáculo

Defensor de um estilo discreto, o diretor da PF vê o fim da espetacularização das operações como um passo importante para fortalecer o senso de responsabilidade da corporação.

O combate à corrupção, que se tornou um dos símbolos da PF no passado recente, segue como prioridade. “O crime organizado tem várias facetas. Desvio de recursos públicos e conluio podem ser mais danosos do que um bandido com uma pistola na mão”, exemplificou.

Na busca por eficiência, ele contou que tem se aproximado do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para que a instituição financie projetos de segurança pública encabeçados pela PF.

“Não há previsão de financiamento para a segurança. Em qualquer pesquisa de opinião de preocupação da sociedade, a segurança está em primeiro lugar. Existem fundos para garantir a saúde e a educação, e não temos recursos definidos constitucionalmente para a segurança pública”, justificou.

Segundo Rodrigues, desde o início de sua gestão, o tempo médio para a resolução de um inquérito foi reduzido para 500 dias, número abaixo dos 680 de outrora. Além disso, em média 86% dos casos que são abertos são resolvidos. “Temos 14 diretorias e 27 superintendentes. São escolhas técnicas sem interferência política, o que permite me defender de eventuais maus resultados”, argumentou.

Nomeado diretor da PF pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, nos primeiros dias de 2023, ele integra a equipe de governo deste terceiro mandato de Lula desde a transição. Antes disso, foi o responsável pela segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos realizados no Rio de Janeiro dois anos depois.

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