Para apresentar ao público do Nordeste os desafios e oportunidades no setor de infraestrutura, a primeira edição do Seminário Esfera Infra reuniu, no Recife, atores políticos com grande capacidade de mobilização pelo desenvolvimento, como ministros de Estado, governadoras, deputados e o prefeito da capital pernambucana, João Campos, além de representantes do setor produtivo.
“Em pouco menos de quatro anos, a Esfera se transformou em uma grande agenda do desenvolvimento do País e cumpre papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social”, destacou o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, ao lado do colega de Esplanada Jader Filho, chefe da pasta das Cidades, na abertura do evento.
A elaboração de uma resposta coesa ao tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros, como frutas e pescados, que envolva o máximo de unidade entre os diferentes níveis de Poder, foi um dos temas de reflexão. Na avaliação dos participantes, o fato de ser uma situação sem qualquer precedente histórico torna essa tarefa ainda mais árdua.
“As bizarrices e agressões de Trump foram espalhadas globalmente. O nosso comportamento não é inteligente, e isso tem que ser liderado pelo presidente da República na busca por medidas para proteger o empresariado e a economia”, resumiu o deputado federal Mendonça Filho.
“A singularidade não é apenas Trump, é também uma parte do bolsonarismo estimulando e compartilhando essa agressão. Esse é o grande desafio. […] A polarização é mais grave no Brasil do que em outros países, por causa da debilidade das instituições”, contextualizou o cientista político Antônio Lavareda.
Ganho logístico
Na agenda da infraestrutura, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, listou aspectos importantes para promover ganho logístico como diferencial competitivo para Pernambuco, como o setor portuário, passando principalmente pelo Porto de Suape, com investimentos importantes e perspectivas de maior participação de atores estrangeiros.
De acordo com Lyra, a concessão de saneamento terá o edital publicado neste mês de agosto, e o leilão vai acontecer em novembro. Estão previstos R$ 20 bilhões em investimentos.
Segundo a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, o volume de financiamento para o setor de saneamento está na casa dos R$ 25 bilhões anuais, e há oportunidades para uma expansão do setor, tendo em vista a busca pela universalização dos serviços.
“A gente ainda não conseguiu universalizar coleta de esgoto e água. É um problema que o banco encara de frente, mas a gente entende que isso também é uma grande oportunidade, […] O primeiro grande ciclo de concessões começou em 2020. A gente tem conseguido atrair investidores internacionais”, concluiu.
Novo modelo para a ponte aérea
Durante o evento também foi divulgado estudo realizado pelo Instituto Esfera sobre um novo modelo a ser aplicado para as tarifas da ponte aérea. A proposta é substituir penalidades por alterações por um contrato com remarcação gratuita, em um arranjo que pode aumentar em até 77% a receita esperada por cliente. Esse novo modelo pode contribuir para a redução da litigiosidade excessiva no setor, ao prever cláusulas de resolução extrajudicial incentivada, com compensações automáticas.
“Se flexibilizarmos as mudanças nas passagens da ponte aérea sem pagar um ônus muito alto sobre isso, haveria benefícios para empresas e consumidores. No caso das empresas, valores um pouco mais altos dariam maior flexibilidade de remarcação, e isso daria certo em trechos com alto fluxo de voo. Isso pode gerar um aumento na receita. E, do lado do consumidor, reduz os riscos”, afirmou o diretor acadêmico do Instituto Esfera, Fernando Meneguin.
