Em evento organizado pela Esfera com patrocínio da Febraban, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, adotaram tom apaziguador para falar sobre as perspectivas para a política e a economia do Brasil no segundo semestre.
Ambos reconheceram a existência de “ruídos” — como definiu o presidente da Febraban, Isaac Sidney, no discurso que abriu o encontro—, mas mantiveram seus compromissos com a institucionalidade e a responsabilidade fiscal.
Lira afirmou estar trabalhando para distensionar conflitos entre Poderes e minimizou o potencial das manifestações que estão sendo convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Dia da Independência. “Não haverá nada no dia 7 de setembro”, disse. “A gente tem que se esforçar para que os movimentos de rua aconteçam e sejam pacíficos, grandes ou pequenos, isso é irrelevante”.
O presidente da Câmara também reforçou que o teto de gastos não será estourado para acomodar medidas como o novo Auxílio Brasil. “Vamos cuidar para não perder o foco da responsabilidade fiscal junto da manutenção da democracia”, disse. Sobre os precatórios, outra ameaça ao Orçamento em ano eleitoral, o deputado disse que a melhor saída é a que está sendo costurada pelo Supremo Tribunal Federal.
Lira ainda aproveitou o momento para voltar a defender a reforma tributária, ainda à espera de votação. Para ele, não é justo que cada milionário brasileiro seja uma “Suíça ambulante”. A proposta relatada por Celso Sabino (PSDB-PA) prevê uma alíquota de 20% sobre lucros e dividendos e uma redução do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, entre outras alterações.
Em sua apresentação, Roberto Campos Neto disse que a perspectiva para a dívida pública é positiva e que a arrecadação subiu graças ao maior consumo de bens — que pagam mais tributos que serviços. Ele também afirmou que a inflação é um problema global no pós-pandemia, mas vê uma acomodação no horizonte e uma atuação transparente do Banco Central no controle da perspectiva.
Campos Neto reforçou a importância de adequar a narrativa tanto na questão da responsabilidade fiscal como na preservação do meio ambiente para resgatar a credibilidade do Brasil diante do investidor internacional. Para isso, afirmou que participará da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que será realizada em novembro, em Glasgow. “Precisamos entender que as chaves de crescimento não virão de investimento público, mas de investimento privado. Precisamos achar soluções privadas para problemas públicos e isso depende de credibilidade”, disse o presidente do BC.
O evento aconteceu no Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com uma plateia de 90 convidados, além de transmissão simultânea online.