COP 27 é oportunidade para Brasil retomar o protagonismo em questões climáticas

Conferência do Clima das ONU acontece até o dia 18 de novembro no Egito

O mundo não está fazendo o suficiente para combater as emissões de carbono nem para proteger o futuro do planeta, considerando o cenário de eventos climáticos extremos e a crise de energia provocada pela guerra na Ucrânia. Esta é a impressão de observadores da ONU sobre as responsabilidades que os países terão na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP27, que começou neste domingo (6) e vai até o dia 18 de novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito, com representantes de 197 nações.

redução imediata do desmatamento na Amazônia é uma delas, afirma o prof. Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica da USP, que participará do encontro como membro do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.  

Para ele, “o tempo de os países agirem para reduzir fortemente as emissões de gases de efeito estufa está se esgotando e, com isso, estamos levando o planeta a um aquecimento da ordem de 3.2 °C em média”. Por causa da grande dimensão continental do Brasil, o aquecimento global aqui, diz o físico, poderá ser “da ordem de 4 a 4,5 graus Celsius, e isso vai ter um efeito desastroso sobre nossa economia, sobre nossa produtividade agropecuária e sobre o funcionamento dos nossos ecossistemas”.
O evento

A COP27 pretende ir além das negociações de medidas que os países participantes precisam colocar em  ação para conter a crise climática. Neste ano, o evento também traz discussões sobre Finanças, Ciência, Jovens e Gerações Futuras, Descarbonização, Adaptação e Agricultura, Gênero, Água, Sociedade Civil, Energia, Biodiversidade e Soluções.  


Segundo Artaxo, a COP27 é uma ótima oportunidade para o Brasil voltar a ter um papel de liderança na questão climática. “O Brasil tem vantagens estratégicas excepcionalmente boas em relação a outros países do nosso planeta: primeiro, 44% das nossas emissões são devidas ao desmatamento da Amazônia e não há maneira mais fácil, rápida e barata de reduzir emissões do que reduzir o desmatamento, obtendo com isso muitos benefícios adicionais.”

Contribuições do Brasil
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, já anunciou que defenderá na COP27 a importância do Brasil como país sustentável capaz de contribuir com soluções, principalmente com a produção de energias limpas. Para exemplificar esse protagonismo, o país contará em seu estande na conferência com a participação de organizações que mostrarão algumas iniciativas, caso da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A entidade do setor empresarial apresentará exemplos de como as empresas brasileiras têm condições de contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa, com ações práticas e financiamentos.  

As COPs, ou “conferência das partes”, são os maiores encontros mundiais para discutir o clima do planeta. Organizadas pela ONU, são realizadas anualmente desde a ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro há 30 anos. A partir daquele ano, muitos países passaram a assumir compromissos conjuntos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes de atividades humanas. Os esforços seriam para, pelo menos, estabilizar a concentração na atmosfera dos poluentes que provocam as graves interferências no clima.
Acordos e Pactos anteriores

Várias extensões do tratado original foram negociadas nas reuniões que se sucederam, como o Protocolo de Kyoto em 1997 e o Acordo de Paris, de 2015. Em Paris, a promessa foi limitar o aquecimento em 1,5 graus Celsius em relação à média das temperaturas anteriores à revolução industrial na Europa, e aumentar o financiamento de projetos para reduzir as emissões. Em 2021, o Pacto do Clima de Glasgow, durante a COP26, reafirmou essa meta.

Em 2020, o Brasil decidiu recuar nas suas metas de redução de emissões em relação ao prometido em 2015. Em 2021, o ministro Leite assumiu um compromisso mais ambicioso em relação ao anunciado no ano anterior, retomando a meta de 2015, de reduzir em 50% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030.

Um estudo do WRI Brasil, instituto de pesquisa para promover a proteção do meio ambiente, lembra que os compromissos firmados na COP26, no ano passado, pouco evoluíram. Entre eles estão: estabelecer novas metas de redução de emissões, duplicar o financiamento para adaptação, diminuir as emissões de metano, interromper a perda florestal, eliminar gradativamente o uso de carvão e acabar com o financiamento internacional para combustíveis fósseis.  

De lá para cá, segundo o WRI, apenas 23 de 193 países apresentaram seus planos para atingir a meta, e as ações práticas ficaram em segundo plano: “a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a inflação galopante fizeram com que os preços globais de energia e alimentos disparassem, levando os líderes a perder a ação climática de vista. A pandemia de Covid-19 e as tensões entre China e Estados Unidos em relação a Taiwan não ajudaram”, diz um dos textos no site do instituto.  

x

Utilizamos cookies e outras tecnologias para lhe oferecer uma experiência de navegação melhor, analisar o tráfego do site e personalizar o conteúdo, de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.