Dono de grandes potencialidades, o Brasil depende somente de si para alcançar um lugar de destaque entre as maiores economias do planeta nos próximos anos. Para isso, se faz urgente uma agenda de reformas, estabelecer mecanismos regulatórios que não representem insegurança jurídica e um aprofundamento da educação política em todos os segmentos da sociedade. Foi esse o sentimento que ficou, entre participantes e convidados, após o primeiro dia do Seminário Esfera RJ: uma potência que só cresce, realizado nesta sexta-feira, 30, no Palácio das Laranjeiras.
“O Brasil ainda é um país sem projeto. Precisa de arquitetura, engenharia e execução. A ferramenta mais eficiente para tornar o País menos desigual é ocupar a política com o que temos de melhor na sociedade. Precisamos de pessoas mais preparadas e mais competentes. O Estado é regido pela política, e a política pelos políticos”, argumentou o apresentador de TV e pensador contemporâneo do Brasil Luciano Huck, durante diálogo mediado pelo presidente do Conselho da Esfera Brasil, João Camargo. Ainda participaram do painel o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, o CIO da Lumina Capital Management, Daniel Goldberg, e o CEO do Claure Group, o boliviano-americano Marcelo Claure.
Segundo Claure, que também é vice-presidente da Shein, se o País conseguir aproveitar a tendência global de promover iniciativas voltadas à neutralidade do carbono para implementar uma agenda econômica, são grandes as chances de haver uma redução nas desigualdades sociais no médio prazo. O empresário ainda chamou atenção para a necessidade de investimentos em saúde e educação, e a ajuda da tecnologia para melhorar o nível dos serviços ofertados à população.
“O Brasil tem muito potencial. E os brasileiros normalmente só falam que têm muitas dificuldades. Acredito que o Brasil é um dos países com maior potencial”, disse Claure. “Neste novo mundo, com tudo elétrico, inteligência artificial, o Brasil tem a energia mais limpa e vai ser um player muito importante”, acrescentou.
No momento em que grandes empresas de tecnologia expandem seus investimentos em inteligência artificial, o CIO da Lumina Capital Management, Daniel Goldberg, acredita que o País pode aproveitar a demanda por energia para alimentar os data centers como oportunidade para se destacar no mercado internacional. Na direção de promover um ambiente de negócios inovador, ele destacou a ausência de uma “regulação inteligente” como um grande problema.
“Falta acertar com as empresas de tecnologia qualquer modelo tarifário para importação do hardware da tecnologia. E falta a gente não ter uma maluquice do Judiciário toda semana que crie a percepção nas empresas de tecnologia de que amanhã eles podem ser intimados e têm que abrir o que eles têm no data center”, ponderou Goldberg, fazendo alusão aos recentes acontecimentos envolvendo o X, antigo Twitter.
Força para transformar a realidade
Fundador e editor-chefe do jornal Voz das Comunidades, Rene Silva, que iniciou sua trajetória como produtor de conteúdo durante a operação em que forças de segurança pública ocuparam o Complexo do Alemão, afirmou que investimentos em projetos sociais, esportivos e educacionais são cada vez mais urgentes para formar cidadãos, além de apontar que grandes empresas podem ser parceiras importantes neste processo. “Todas as camadas da sociedade civil precisam ser impulsionadas para crescerem. E quando a gente fala de favela, mais ainda”, frisou.
O evento também contou com uma solenidade aos judocas medalhistas olímpicos Larissa Pimenta e Willian Lima. A homenagem foi entregue por Cláudio Castro. Em breves falas, os atletas destacaram momentos de suas trajetórias e revelaram episódios da carreira que os inspiraram como esportistas de alto rendimento.
“Diferente de outros locais, o Brasil não investe educacionalmente nos seus atletas. Eles têm que ter uma resiliência muito maior do que em outras profissões. Então eu acho que reconhecê-los aqui é reconhecer a importância que eles têm para a juventude”, declarou o governador do Rio de Janeiro.
