A notícia surgiu nesta semana, chamando a atenção de otimistas e céticos: em 2021, o investimento mundial em energias renováveis superou os realizados no setor de petróleo e gás. Melhor ainda, este é o sexto ano consecutivo em que isso acontece. A informação está no 2021 World Energy Investment, relatório da International Energy Agency (IEA) que chama a atenção para a mudança no perfil global de investimentos no setor energético.
O total investido este ano deve alcançar US$ 1,9 trilhão, cerca de 10% mais do que o aporte feito em 2020. De acordo com o relatório do IEA, a busca por fontes renováveis de energia cresceu de maneira acelerada nas duas últimas décadas. Sem falar que as vendas de veículos elétricos também vêm batendo recordes.
No Brasil, não é diferente. “Não estamos muito bem na foto se você comparar com o resto do mundo, mas não dá para desconsiderar que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do planeta”, diz João Sanches, fundador e CEO da Trinity Energia, comercializadora independente de energia que é um dos principais players nacionais desse mercado. Em pouco mais de uma década, a empresa que ele fundou sozinho, aos 22 anos, bateu R$ 1,8 bilhão de faturamento em 2020 – isso com uma equipe de 40 funcionários. Sanches afirma que a procura por energias limpas tem pano de fundo econômico. “A procura ainda está muito mais relacionada ao ganho financeiro do que à consciência ambiental. Mesmo assim é um caminho”, diz ele.
Outro relatório anual, esse da Empresa de Energia Elétrica (EPE), instituição pública ligada ao Ministério das Minas e Energia, aponta que a geração de energia solar vem aumentando em território nacional. Em 2020, por exemplo, foram mais de 30% de aumento – acompanhando o ritmo do ano anterior, que apresentou incremento de 37,6% de 2018 para 2019.
O setor petroquímico brasileiro também é um dos entusiastas da transição energética. Um exemplo é o movimento das quatro maiores petroquímicas em operação no País. Juntas, Braskem, Dow, Unipar e Unigel têm previsão de fechar pelo menos R$ 5,3 bilhões em contratos de longo prazo para a compra de energia solar e eólica, além de investir na autoprodução.
Durante a COP26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, revelou que a meta do Brasil é limpar 50% da matriz energética até 2030. A meta é ambiciosa, mas não inexequível.