Conhecido por defender a simplificação dos processos que envolvem a máquina pública e uma agenda de reformas estruturantes, o senador Rogério Marinho, líder da oposição, se considera, sobretudo, um otimista, apesar de não se furtar em enumerar os problemas do País. Nesta segunda-feira, 10, o parlamentar participou de um encontro com nossos associados em São Paulo.
“Há dois anos eu tenho liderado a oposição no Senado, e minha principal ação é preservar um legado. O Marco Legal do Saneamento foi atacado, a reforma trabalhista foi atacada. Uma série de ações que imaginei que seriam definitivas foram relativizadas”, afirmou. “Lula é bem-intencionado, mas a forma como ele vê o Brasil eu repugno”, continuou.
De acordo com Marinho, a PEC da Transição, promulgada pouco antes do início deste terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser interpretada como o “pecado original” do governo atual, por ter onerado os cofres públicos com R$ 200 bilhões em aumento de despesas sem prever qualquer tipo de compensação. Esse movimento, na visão dele, feito sem qualquer planejamento, levou o governo a criar várias medidas com o propósito de aumentar a arrecadação logo no primeiro ano.

De maneira particular, o senador criticou as projeções de arrecadação com a volta do voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) feitas pela equipe econômica. Os cálculos previam receitas de até R$ 53 bilhões, que deveriam impactar o resultado primário já em 2024 – mas isso não se concretizou.
“Durante seis anos, houve uma continuidade de ações, de reformas macroeconômicas e microeconômicas que, de repente, pararam. O Brasil é resiliente e suporta muita coisa”, avaliou Marinho.
Com o “desajuste fiscal”, conforme intitula Marinho, a falta de credibilidade do governo e o aumento descontrolado dos juros da dívida pública impõem aos brasileiros uma realidade asfixiante, sobretudo para o ambiente de negócios, que, na opinião do parlamentar, também sofre com a falta de previsibilidade e com o excesso de burocracia.
“Nós tínhamos quase R$ 1 trilhão em quatro anos, em PPPs [parcerias público-privadas] e em concessões, mas não estão sendo renovados. Novos investimentos estão sendo procrastinados porque nós perdemos a segurança jurídica. Perdemos a clareza das regras. O Brasil está vivendo um momento de relativização de direitos. Isso, no primeiro momento, não pode ter um impacto muito forte, mas é como uma pedra lançada no meio do lago, com as ondas atingindo paulatinamente as margens”, exemplificou.
Cenário eleitoral
Questionado sobre de que forma o campo da direita tem acompanhando os desdobramentos dos processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, Rogério Marinho afirmou que, ainda que haja percalços, Bolsonaro permanece como único plano para 2026. Ainda segundo ele, faz parte da estratégia ampliar a bancada da direita no Senado Federal nas próximas eleições.
Atualmente, o PL, partido de Marinho, ocupa a presidência de três importantes comissões permanentes da Casa: Direitos Humanos, Infraestrutura e Segurança Pública. Isso deve garantir à sigla uma posição privilegiada de enfrentamento ao governo neste ano pré-eleição.
“A direita vai tentar fazer o maior número de senadores, porque sabemos que o enfrentamento pela normalidade democrática passa pelo Senado”, sentenciou. “Não acredito nessa inelegibilidade [de Bolsonaro]. É uma forçação de barra gigantesca”, completou.