O ministro da Educação Camilo Santana defendeu que a iniciativa privada pode contribuir para que o Brasil dê um salto em relação à educação com a doação de recursos para investimentos em áreas prioritárias, como compra de equipamentos e obras de infraestrutura, por exemplo. Para isso, contudo, será necessário estabelecer metas mais incisivas e criar ferramentas de transparência para acompanhá-las.
O titular da pasta destacou que, primeiro, é preciso definir o que é essencial para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), e quais os mecanismos necessários para acompanhar o resultado dessas metas. Deve-se também criar ferramentas de transparência para saber se os municípios estão cumprindo suas metas individualmente.

“Se conseguirmos chegar ao final do ano com esse desenho construído, sem dúvidas vamos dar um salto. Mas se precisarmos de R$ 40 bilhões a mais de investimento na educação, por exemplo, vai ter que ter uma discussão com a Fazenda. Eu defendo que se for algo feito com controle, com boa governança, sério e bem acompanhado, acho que essa questão pode estar fora do arcabouço fiscal”, declarou durante encontro com empresários nesta sexta-feira (26), em São Paulo.
Camilo Santana avalia que o Brasil vai perder uma janela de oportunidade caso não seja mais veloz com investimentos em educação. Segundo ele, o valor destinado ao setor não será suficiente, mas é necessário investir com objetivo, controle e mecanismo, além de ter uma avaliação anual. “É fácil falar que a educação é prioridade no País quando, na prática, não é. O orçamento da Educação já é baixo, e o Congresso ainda corta, transforma em emendas. Onde está a prioridade nisso?”, indagou o ministro.
Selo #TôComProf
Como forma de priorizar os profissionais do setor, o ministro reforçou o lançamento do selo #TôComProf, criado para promover a valorização dos professores por meio de parcerias com empresas que, por sua vez, vão garantir o acesso a produtos e serviços a preços reduzidos.
O edital aberto pelo Ministério da Educação (MEC) faz parte das ações de valorização da atividade docente previstas pelo Programa Mais Professores. A iniciativa convida empresas interessadas a se credenciarem e receberem a chancela institucional #TôComProf. O formulário de inscrição para empresas está disponível aqui.
“Com esse movimento que estamos lançando agora, de valorização e de reconhecer o papel desses profissionais, a ideia foi convocar o setor privado do Brasil a colaborar com essa campanha. Já tivemos esse contato com o iFood e com a Amazon”, detalhou Camilo Santana. E enfatizou: “Estamos procurando construir esse movimento no Brasil. Todos nós lembramos de um professor, tivemos um professor que fez parte da nossa história. A ideia é poder sensibilizar o Brasil para reconhecer uma das profissões mais importantes, talvez a mais importante da nação”.

Educação básica
O ministro acenou novamente para a Educação Básica destacando-a como etapa determinante para o desenvolvimento dos jovens. “Quando a criança não aprende a ler na idade certa, ao final do segundo ano do Ensino Fundamental, isso compromete todo o seu ciclo evolutivo de Educação Básica”, ponderou.
O ciclo evolutivo comprometido consequentemente aumenta o risco de abandono escolar. Segundo ele, quando assumiu o Ministério, os índices mostravam que 36% das crianças estavam sendo alfabetizadas na idade adequada. A meta estabelecida para 2024 foi de 60%, e o total alcançado foi 59,8% – resultado que o ministro atribui à formação de professores, repasse de recursos e material didático focado na alfabetização.