O social importa

Tradicional vínculo entre o público e o privado, Sesc une desenvolvimento econômico ao social no Rio de Janeiro

Criado em 1946 com a promessa de que empresários do setor do comércio de bens, serviços e turismo colaborariam para o cenário social por meio de ações que beneficiassem seus funcionários e respectivos familiares com melhores condições de vida, o Serviço Social do Comércio (Sesc) segue com firmeza em sua missão de desenvolver economicamente diferentes comunidades Brasil afora.

Além das unidades situadas nas principais cidades do Brasil e em municípios do interior, o Sesc estende sua ação por meio de unidades móveis atingindo 2,2 mil municípios. Em entrevista à Esfera Brasil, Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ), que gerencia o Sesc RJ, elenca os projetos no estado fluminense e conta as oportunidades para que a atuação econômico-social do Sesc seja ampliada.

O Sesc tem um papel fundamental e histórico. Quais são os principais programas desenvolvidos recentemente que têm ajudado a transformar a vida dos cidadãos no Rio de Janeiro?

Todo o projeto do Sesc RJ tem a meta de transformar a vida de pessoas. Trabalhamos diuturnamente para isso nos nossos cinco pilares de atuação — que são assistência, educação, cultura, lazer e saúde —, oferecendo serviços gratuitos ou a preços populares. Em saúde, por exemplo, temos as unidades móveis OdontoSesc, que são referência em inclusão em saúde no País, pois com elas conseguimos devolver o sorriso a milhares de pessoas sem acesso a tratamento odontológico, seja por questões financeiras, seja por questões geográficas, já que vamos a locais onde há carência desse serviço ou significativa vulnerabilidade social.

Em cultura, ofertamos uma programação artística robusta, democratizando o acesso da população a esses bens. No lazer, temos o programa Turismo Social, que proporciona a camadas mais vulneráveis da população a oportunidade de expandir seus horizontes e conhecer novos territórios. Na área de educação, um projeto recente é o Centro de Referência em Educação Inclusiva [Crei], na Tijuca. Inaugurado em abril, o Crei oferece o que há de mais moderno em atendimentos especializados e tecnologias para o processo de inclusão, autonomia e independência de crianças e jovens, de dois a 29 anos, com Transtorno do Espectro Autista [TEA] e Trissomia do Cromossomo 21 [Síndrome de Down].

Por fim, na área de assistência, temos o Sesc Mesa Brasil, programa de combate à fome e ao desperdício do Sesc. Em 2023, o programa arrecadou, no Rio de Janeiro, mais de 1.700 toneladas de alimentos, provenientes de 176 parceiros, em 55 municípios. Isso beneficiou mais de 114 mil pessoas e ajudou a complementar mais de dez milhões de refeições.

Sendo natural do Rio de Janeiro e conhecendo profundamente as necessidades da população fluminense, como o senhor acredita que o Sesc pode intensificar suas ações para promover o bem-estar social e cultural em todas as regiões do estado, especialmente nas comunidades mais carentes?

O Sesc RJ tem uma capilaridade muito grande, se considerarmos as nossas unidades móveis e projetos sazonais como o Natal Sesc, o Sesc Verão e o Festival de Inverno, com os quais levamos nosso trabalho a uma grande parcela do nosso território. O desafio do Sesc RJ é estar presente nas mais diversas regiões de forma fixa, por isso estamos investindo e criando novas unidades, como a nossa sétima unidade hoteleira, que será aberta em Miguel Pereira; as unidades de Campo Grande e Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio; a unidade de Itaperuna, a primeira na região Noroeste do estado; e a de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, entre outras. 

Em sua gestão à frente da Fecomércio, como o senhor tem direcionado as iniciativas do Sesc para apoiar o desenvolvimento econômico local e contribuir para a geração de emprego e renda no Rio de Janeiro?

Os eventos que eu citei são uma forma com que conseguimos alavancar o desenvolvimento local. Além da realização dos projetos exigirem uma grande força de trabalho e inúmeros fornecedores locais, esses eventos atraem turistas, que consomem nos estabelecimentos comerciais, que ocupam leitos nos hotéis, que se deslocam com o transporte local.

Isso representa emprego e recursos para empresas, que podem reinvestir nos seus negócios, e também divisas para os cofres dos municípios, que podem reinvesti-las no bem-estar da população. Ou seja, o Sesc RJ, além de proporcionar qualidade de vida à população com seus projetos, atua como tração importante para essa engrenagem de desenvolvimento econômico e social. 

O Sesc tem fortalecido parcerias com o setor privado e público para ampliar suas atividades no Rio de Janeiro? Se sim, quais resultados concretos já foram alcançados com essas colaborações?

Diferentemente do que muitos pensam, o Sesc é uma instituição privada, mantida pela contribuição compulsória dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo. Então, quando se fala da atuação do Sesc na sociedade, está intrínseca a ideia de a iniciativa privada colaborar com o poder público. Tudo que o Sesc faz é um complemento à atuação do Estado junto à sociedade, oferecendo serviços que, em muitos casos, o poder público não consegue ofertar. É uma instituição paraestatal que atua ao lado do poder público visando ao bem-estar da sociedade como um todo, em especial os trabalhadores do setor terciário.   

Quais desafios e oportunidades a Fecomércio tem encontrado em sua atuação no Rio de Janeiro?

A Fecomércio RJ, como instituição de representação máxima do setor terciário no estado, tem como desafio proporcionar um ambiente de negócios saudável para os empreendimentos que representa. O comércio de bens, serviços e turismo é o setor que mais emprega no País — e no estado do Rio não é diferente.

Precisamos trabalhar diariamente para encontrar soluções para tornar menos onerosa a atuação das empresas que representamos, porque elas têm um papel social importante. São fonte de renda para milhões de pessoas no estado do Rio. As oportunidades são os parceiros que encontramos no caminho, pois nos permitem juntar forças em prol de um bem maior, que é o desenvolvimento econômico e social do nosso estado.

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