Neste sábado, 31, segundo dia do Seminário Esfera RJ: uma potência que só cresce, atores políticos, empresários e agentes econômicos refletiram sobre como estimular a vinda de novos investimentos para o estado do Rio, que vive, igualmente, na capital e cidades do interior, grande expectativa para a reunião da Cúpula do G20, com a presença de líderes internacionais na Cidade Maravilhosa.
“Além das vantagens estratégicas naturais, temos que entender a questão geopolítica global. Com a inteligência artificial, data centers estão sendo instalados em outros países da América Latina. As empresas veem o consumo de energia e onde colocar esses equipamentos de acordo com a logística de energia e a perspectiva de consumo por muitos anos”, sugeriu o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho.
Conforme estudo recente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio deve crescer 3,1% neste ano. Além do foco em novas tecnologias desenvolvidas a partir de ferramentas de inteligência artificial, outros fatores, como as exigências de universalização dos serviços previstas no Marco Legal do Saneamento e o encaminhamento da regulamentação da reforma tributária, podem abrir portas para a vinda de mais recursos para o Rio de Janeiro no médio prazo, segundo os painelistas que estiveram conosco.
“Com a concessão [da Cedae], o efeito multiplicador na economia do Rio promoveu mais de 10 mil novos empregos, e a contratualização de aproximadamente R$ 32 bilhões em Capex. A Cedae tem uma capacidade de investimento absurda. A concessão cresceu a Cedae e a economia como um todo”, contextualizou o secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Nicola Miccione. “Nós temos todos os elementos para sermos um grande vencedor da reforma tributária, por termos um mercado enorme”, acrescentou o secretário estadual da Fazenda, Leonardo Lobo.
Soberania ontem e hoje
O diretor de relação com investidores da Águas do Rio, Anselmo Leal, fez uma digressão oportuna ao relacionar o saneamento a uma remediação do adensamento da cidade e lembrar que o primeiro a pensar sobre o tema havia sido Dom Pedro II, que no século XIX resolveu promover o reflorestamento da Floresta da Tijuca, porque ali havia muitas nascentes de águas, imprescindíveis para o abastecimento da cidade, então capital do Império.
Sob o ponto de vista da soberania nacional, que remete à autonomia de uma nação para a tomada de decisões que reflitam em avanços em sua sociedade, o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, lembrou que, na relação com a comunidade internacional, o Brasil cumpre papel importante em relação à segurança alimentar além de se destacar como grande produtor de energias renováveis, o que pode alçá-lo ao papel de protagonista.
A reflexão sobre a possibilidade de intervenção estatal na economia dividiu opiniões. A ex-senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu defendeu que o poder público se movimente de maneira estratégica e deu exemplo do passado, quando foram colocadas em prática políticas públicas de teor intervencionista para estimular o setor agropecuário e de mineração. Por outro lado, a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral, trouxe o caso do Chile, que tem experimentado fuga de investidores estrangeiros após o governo anunciar uma política estatista em relação ao lítio.
Novas possibilidades
Presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), Hazenclever Lopes Cançado lembrou de um movimento iniciado em março do ano passado para regulamentar o setor de bets e cassinos online que operam no estado. Dessa forma, mais de 4 mil empresas que operam no mercado asiático, europeu e norte-americano foram licenciadas para operarem no Rio de Janeiro. “O Rio está inovando não apenas na legalização, mas está inovando na forma de aplicação desse dinheiro. Aos senhores empresários que estão aqui, que atuam ou pretendem atuar neste mercado hoje de R$ 150 bilhões, os senhores estarão contribuindo para o desenvolvimento sustentável e social do Rio de Janeiro.”
