Nesta segunda-feira, 17, em jantar em São Paulo, recebemos o conselheiro Marcelo Gasparino, que participa do board de gigantes como Petrobras, Vale, Eletrobras e Banco do Brasil. Com larga experiência na função, ele falou aos demais convidados sobre o impacto das decisões dos conselhos de administração no desenrolar de grandes empresas.
“A decisão mais importante que um conselho de administração tem para tomar é a escolha do CEO, e a segunda decisão mais importante é o momento certo da mudança do CEO”, resumiu Gasparino, que explicou que há profissionais de excelente qualidade técnica que, porém, optam por não entrar em zonas de atrito em momentos delicados nas empresas – característica que, segundo o conselheiro, é necessária aos líderes.
O exemplo mais citado por Gasparino foi a Petrobras. De acordo com ele, problemas de ingerência vão fazer a estatal sair de uma “nota 8”, em 1º janeiro de 2023, para uma “nota 6”, em 31 de dezembro de 2026. “Ela [a Petrobras] vai perder brilho, ela vai perder qualidade na governança corporativa, ela vai perder qualidade no compliance, ela vai perder qualidade de investimentos. […] Agora, como isso vai acontecer, eu não sei.”
Outro exemplo dado foi a Vale, cujo conselho ele compartilha com Rachel Maia, uma das convidadas presentes. A empresa, que já passou pelas crises de Mariana e Brumadinho, esteve recentemente em meio a rumores sobre a sucessão de seu presidente, Eduardo Bartolomeo – técnico, mas com pouca relação com o governo –, que já tem data para ser substituído: 3 de dezembro deste ano. “Políticos são pessoas que precisam ser tratadas com a liturgia do cargo, e isso é uma arte. Tem gente que não tem habilidade para fazer isso”, avaliou, complementando que o conselho da mineradora busca uma pessoa que possa liderar dentro e fora da empresa, para ocupar a cadeira da presidência.