• 21.06.2024
  • Redação

Gasto público, interesse público

Dado o cenário de crescimento das despesas de maneira mais acelerada do que as receitas, o debate sobre gasto público deve ser encarado de maneira franca e encampado por todos os segmentos da sociedade. É o que pensa o diretor de Assuntos Econômicos da Vice-Presidência da República, Pedro Nery, nosso convidado para um jantar com empresários na noite desta quinta-feira, 20, em São Paulo.

Doutor em Economia do Meio Ambiente e consultor legislativo de carreira no Senado Federal para Economia do Trabalho, Renda e Previdência, ele acredita que o Executivo deve liderar o debate sobre a eficiência do gasto, mas também vê sociedade e Congresso desempenhando papéis complementares e imprescindíveis para o aprofundamento da questão.

“Quando o governo gasta mal, os juros sobem, o crédito escasseia e o emprego vai diminuir. Se a gente insistir nesse debate, a gente pode ter um resultado melhor”, explicou.

Nos últimos dias, a equipe econômica tem se posicionado publicamente de maneira favorável à revisão de gastos públicos, com objetivo de tornar as contas sustentáveis e visando ao cumprimento das metas de resultado primário, que preveem déficit fiscal zero em 2024 e 2025. Ainda que a aplicação concreta dessas medidas seja alvo de incertezas de analistas, no cardápio do corte de gastos estão medidas como a desvinculação do salário mínimo de benefícios e a revisão de pontos do regime previdenciário de militares.

Apontando preocupação com a trajetória da dívida e dos juros, cuja taxa básica foi mantida em 10,5% após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana, Nery reforçou que, diferentemente do que ocorre em outros países, a cada aumento do salário mínimo no Brasil, existe uma pressão sobre pagamentos como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial e seguro-desemprego, destinados à parte da população.

A estimativa é que 18 milhões de pessoas estejam inscritas na Previdência Social e recebam um salário mínimo a título de benefício.

Segundo ele, a ineficiência do gasto público interfere diretamente em dificuldades para o crescimento do País e, por isso, crê em um debate amplo, que contemple setor produtivo e poder público na mesma direção.

“A pobreza caiu, a fome caiu, mas a gente tem que ver o que fez no passado para consolidar esse gasto”, afirmou. “O presidente Lula realizou superávits primários ao longo de todo governo, no primeiro e segundo mandatos. Existe uma mudança nítida de discurso que faz com que a gente encare com mais otimismo”, ponderou.

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