• 07.11.2023
  • Redação

Sarkozy cita protagonismo internacional de Lula e diz que ONU “desapareceu”

Ex-presidente francês diz que vontade de Lula de levar voz do Brasil ao mundo é incontestável e afirma que organismos multilaterais estão ultrapassados

Ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante o Fórum Internacional Esfera, em Paris, em 13 de outubro de 2023.

Ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante o Fórum Internacional Esfera, em Paris, em 13 de outubro de 2023.Reprodução

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy citou o protagonismo internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse, nesta sexta-feira (13), que o Brasil é o parceiro ideal para a França, em participação no evento Fórum Internacional Esfera, em Paris.

Sarkozy também fez críticas contundentes a organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos.

“Quando Dilma [Rousseff] era presidente, ela não tinha o protagonismo internacional de Lula. Podemos estar de acordo ou não com Lula, mas a sua vontade de levar a voz do Brasil ao mundo é incontestável”, disse Sarkozy, durante o painel “Brasil: o melhor negócio do mundo”.

“E a França tem que agarrar essa oportunidade. O Brasil é uma grande potência demográfica e ignoram o poder político do Brasil”, completou.

O ex-presidente, que governou a França entre 2007 e 2012, disse que o amigo ideal para o Brasil não pode ser potente demais, nem tão fraco demais, como a França. E fez uma crítica severa aos Estados Unidos.

“Os Estados Unidos são como um senhor que usa um sapato 63. Ele te esmaga com o sapato, te pisa em cima, ele levanta o pé e pergunta: o que você estava fazendo embaixo do meu sapato?”, afirmou o ex-presidente da França.

“Um amigo potente demais é um amigo por vezes perigoso; um amigo que não tem potência, ele é simpático para ir à praia, para jogar carta, falar da vida, mas politicamente não interessa. Brasil e França, nós somos feitos para trabalhar juntos”, acrescentou.

Sarkozy também usou uma analogia para afirmar que, quando Lula e ele eram presidentes, estavam em espectros políticos diferentes, mas se unidos poderiam representar uma grande força global.

“Lula e eu éramos como dois dedos de uma mão, mas vocês vão dizer: ‘Como assim?’ O Lula é de esquerda e eu nunca fui de esquerda, mas Lula dizia com razão: ‘Se nós reunirmos todos os meus amigos e os seus, reunimos 100% do planeta’”, disse.

Organismos multilaterais ultrapassados

Durante sua participação, Sarkozy criticou os organismos multilaterais, afirmando que instituições como a ONU perderam relevância.

Ele também defendeu a maior participação de países emergentes nessas instituições, afirmando que o Brasil deveria ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Na visão do ex-presidente, os organismos multilaterais estão ultrapassados. “O sistema multilateral que conhecemos hoje é do século 20 e estamos no século 21. […] Onde está a Organização das Nações Unidas? Desapareceu. Quem dá importância para o que diz o secretário-geral das Nações Unidas?”, questionou.

Sarkozy afirmou que quando o Conselho de Segurança da ONU foi criado, em 1946, o mundo tinha 2 bilhões de habitantes, hoje já são mais de 7 bilhões. “Não tem um país africano [como membro permanente do Conselho], não tem um país da América do Sul, é uma loucura”, disse.

Ele defendeu que o Brasil tenha um assento permanente no órgão da ONU, antiga reivindicação do presidente Lula.

“Evidentemente, o Brasil tem vocação para ser membro do Conselho. Não há nada mais urgente hoje do que o Brasil e a França assumirem a liderança para desenhar o que deveria ser um novo sistema multilateral do século 21, que possibilite falar e resolver questões mundiais”, disse.

O ex-presidente afirmou ainda que os países europeus dominaram o mundo por cinco séculos e são “potências do passado”, enquanto nações emergentes estão se unindo e ganhando força, citando o Brasil como uma “potência do futuro”.

Sarkozy destacou ainda que os países do Brics se reuniram e não convidaram para o encontro as potências ocidentais.

“Os Brics se reuniram há algumas semanas e não convidaram o Ocidente. Vocês entendem a aceleração do mundo? Vocês não foram convidados porque não nos convidam mais.”

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