• 28.10.2021
  • Redação

Entenda o papel do Brasil na COP26

A Esfera Brasil conversou, com exclusividade, com duas das cinco startups brasileiras que estão embarcando rumo a Glasgow, na Escócia, para participar do Programa Global para Empresas em Crescimento (Global Scale-Up Programme) da COP26 – sobre o qual explicamos tudo aqui. No total, 18 empresas foram selecionadas para participar. É a primeira vez que startups terão a oportunidade de apresentar suas ideias na conferência, tradicionalmente reservada a líderes globais. 

Das cinco brasileiras, três têm atuação em resiliência e adaptação ambiental (Eco Panplas, Tesouro Verde e Um Grau e Meio), uma trabalha com soluções para a descarbonização do transporte (Scipopulis), e a última opera um sistema de gestão para cidades inteligentes (Lemobs).

A Um Grau e Meio desenvolveu uma tecnologia que monitora, com velocidade recorde, focos de incêndio em plantações e matas nativas. “O tempo de detecção, que antes durava horas em locais remotos, foi reduzido para três minutos”, explica Osmar Bambini, CIO e cofundador da startup. A Um Grau e Meio também quer desenvolver um ecossistema funcional em torno de biomas valiosos para a humanidade, como é o caso do Pantanal. Para conhecer de perto os desafios, Bambini foi até a Serra do Amolar, região montanhosa de difícil acesso no coração das planícies pantaneiras. “Os ribeirões, que antes possuíam cursos de água cristalina, estão secos”, conta Bambini. Em uma travessia de quatro dias e três noites, o empreendedor teve o privilégio de ver de perto algumas das áreas que serão contempladas pelo Abrace Pantanal, um projeto em parceria com a JBS para monitorar dois milhões de hectares da região. O trajeto rendeu até um documentário, que será exibido em primeira mão na COP26.

Para Felipe Cardoso, fundador da Eco Panplas, participar da COP26 é a recompensa de anos de trabalho. “Nós queremos expandir os negócios internacionalmente. Temos uma tecnologia única, e a COP 26 é uma grande oportunidade para ganhar visibilidade”, afirma. O mecanismo desenvolvido pela empresa consiste em uma solução para a reciclagem de embalagens contaminadas que não utiliza água no processo e ainda recupera o contaminante para uso posterior.

O COP26 Global Scale-Up Programme é uma vitrine para as startups selecionadas. No Brasil, a área ambiental é a mais representativa entre as três letras da sigla ESG. De acordo com a plataforma Distrito, que produz relatórios sobre o ecossistema de startups do País, existem 315 empresas focadas no tema – 35 a mais que startups da categoria social e 40 a mais que as de governança. No entanto, os investimentos seguem o caminho inverso. Nos últimos dez anos, cerca de US$ 240 milhões foram investidos em startups ambientais – contra US$ 495 milhões em startups de governança e US$ 1 bilhão em novatas do segmento social.  

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), corre para suavizar a imagem já desgastada da política ambiental brasileira ao tentar regularizar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). A intenção é chegar a Glasgow com uma pauta concreta sobre o mercado regulado de crédito de carbono. O prazo é curto – a COP26 começa no dia 31 de outubro, próximo domingo. A tentativa é fazer o Brasil se beneficiar com recursos de até US$17 bilhões, já que, se o projeto for aprovado nos próximos dias, o contexto liberará o grande potencial de exportação de crédito de carbono que o País tem.

 

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